quinta-feira, dezembro 28, 2006

Lord Lino e o Sentido da Vida - Parte 3

Continuando minha pequena epopéia prosaica:

"Caminhar faz bem, oras." Com esse reconforto em mente, engajei-me na procura da tal borracharia, que era do outro lado da ponte. Realmente, a alegria de estar próximo de concluir a tarefa fez a distância me parecer menor. Ao chegar na borracharia, desconfiei de que havia algo profundamente errado com o Universo pela primeira vez naquele dia, pois ao pedir ajuda para o borracheiro, eis o que ele me disse: "Olha moço, aqui na borracharia nós não temos. Mas eu conheço uma oficina mecânica. Uma oficina mecânica não negar-se-ia a prestar esse serviço, apesar de ser um domingo quente como hoje. Não é muito longe daqui."

Animação nenhuma no mundo me faria enxergar com olhos menos descrentes a próxima distância a percorrer. Já uma pitada desacreditado, encontrei, feliz, a oficina. Haviam me dito que, como o mecânico morava lá, seria fácil convencê-lo a prestar-me socorro.

"Não parece haver alguém morando aqui", refleti. "Em todo caso, é melhor bater palmas." Depois de fazer um escarcéu e não ser atendido, reparei que havia um posto de gasolina na esquina. "Bom, vou informar-me no posto. Esses caras sabem dessas coisas." "Boa tarde, amigo. Sabe me dizer se aquela é a oficina que tem o mecânico que mora dentro e não se importa em prestar socorros automotivos aos domingos?" "Acho difícil",diz ele. "Ali é uma loja de baterias." "Ahhhh... então você não sabe onde é a oficina que tem o mecânico que mora dentro que não se importa em prestar socorros automotivos aos domingos?" "Sei não..."

No caminho de volta, estranhamente comecei a entender qual era o estado de espírito de Napoleão ao voltar da Rússia.

Continua a qualquer momento, na banca mais próxima de você...

terça-feira, dezembro 19, 2006

Interlúdio

Permitam-me interromper meu ensaio sobre o cosmos particular cotidiano para colocar no OUSOIN uma coisa impagável. Notem também que é a primeira imagem que posto aqui. Todo o charme vintage do estilo all type já era. Mas vejam:



Será que devo render-me ao capitalismo e conseguir também minha cajita feliz del chavo (como é chamado o McLanche Feliz nos países hispânicos) ou desencadear uma rebelião em protesto ao fato da rede de fast food mais cancerígena do planeta estar usando monstros sagrados do punk rock latino numa tentativa de desestruturar o já fragilizado movimento?

Aguardo sugestões.
Ps: Imagens retiradas do Blog do Alonso. Faço questão de citar a fonte porque plágio é coisa de maricas.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Lord Lino e o Sentido da Vida - Parte 2

Caros, creio que não me fiz suficientemente claro em meu último desabafo mesquinho. Falhei, confesso-o. Mas permitam-me reparar (ou não) o dano causado por meio de uma singular crônica na qual esse vosso criado tomou parte.

Era uma manhã ensolarada de domingo. Meu corpo parecia contorcer-se na cama, como que protestando pelo excesso de horas dormidas, apesar de meu preguiçoso cérebro pensar exatamente o contário. Levantei-me sofregamente, com a lembrança ruim do dinheiro que tivera de gastar no dia anterior, com o carro que vive quebrando. "Todo fim de semana é igual, oras. Um passeio pelo shopping hoje depois do almoço não me parece de todo desprezível." (a explicação para o fato dessa nefasta idéia ter-se passado por minha confusa cabeça será assunto de outras análises sobre o sentido da vida)

Para o shopping iremos, então. Almoço tomado, preparativos feitos, só faltava pegar a joça do carro. Ao tentar desativar o alarme, a primeira supresa (desagradável, por sinal) do dia: "Impossível", pensei, "O alarme já foi consertado um mês e meio atrás, não pode estar com problemas novamente". Entrei no carro sem desativá-lo. Não disparou. Pragejando e transtornado, dei partida, mas nada aconteceu. Comecei a pensar que preferiria que fosse apenas o alarme quebrado novamente, mas não, o golpe era mais embaixo.

Concluí que, uma vez que o carro não dava o menor sinal de vida, mesmo instigado furiosamente pela chave no contato, o problema devia ser na bateria. "Ótimo. Então é só achar alguém para "dar uma chupeta" na bateria e problema resolvido." Lá vou-me a procurar em algum posto das redondezas viv'alma que possuísse um cabo de conexão entre baterias. Uma vez em posse dos cabos seria relativamente fácil convencer um dos vizinhos a emprestar o carro para realizar a transferência.

Depois de bater em muitos postos, ouvi a seguinte frase de um frentista: "Olha, moço, aqui no posto nós não temos. Mas eu conheço uma borracharia. Uma borracharia não negar-se-ia a prestar esse serviço, apesar de ser um domingo quente como hoje. Não é muito longe daqui."

To be continued...

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Lord Lino e o Sentido da Vida - Parte 1

Dias atribulados... quem não os conhece? Tenho notado que sempre que se encontra em uma situação angustiante, o ser humano começa a pensar sua existência. The big thing, sabem? Aquela mesma pergunta que tem torturado sistematicamente a humanidade desde seu surgimento: Qual é o sentido disso tudo, afinal?

Travamos batalhas épicas cotidianamente, quase sempre por objetivos mesquinhos. E o resultado não é uma história bonita como Senhor dos Anéis.

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