quinta-feira, março 29, 2007

Quando parar de perguntar

Dia desses peguei-me a tentar definir minha vida. É um exercício que pratico com certa constância, por mais doloroso que possa ser quando tentamos atingir a auto-honestidade. Talvez o medo de subitamente descobrir que não sou quem eu queria ser seja o analgésico que torna possível o flagelo que é atingir as entranhas da sinceridade, tal qual o espinho que crava-se em nosso pé sempre que o coração nos manda caminhar.

Metáforas cafonas à parte, a balança teimava em pender para o lado negativo, mas eu não me dava por satisfeito. Definir toda a minha existência como simplesmente "insatisfatória" parece-me artificial, pronto demais, como um atalho pego por indicação alheia numa viagem onde o objetivo era o auto-conhecimento.

Foi quando percebi.

Estava no chuveiro, cantarolando uma música dos Beatles. Naquela manhã de domingo o céu estava sem nuvens, límpido, como que parado ele também - que ironia! - para questionar a si mesmo. O sol entrava preguiçosamente pela vidraça, projetando um feixe de luz que iluminava pequenas partículas suspensas no ar. "Genial!" , pensei, "Ainda não é a hora."

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quinta-feira, março 08, 2007

Se é que alguém ainda lê...

Ainda não é desta vez que o OUSOIN passou dessa para a pior. Por causa de uma série de acontecimentos tão improvável quanto desgastante, dediquei esses dias mais recentes da minha conturbada vida justamente em desperdiçá-la de formas estúpidas, resolvendo intermináveis problemas chatos e grudentos. Explicações mais aprofundadas podem, mas muito provavelmente não irão, virar assunto neste blog, pois já estou cansado de só escrever sobre infortúnios.

Tampouco escreverei alguma coisa útil ou relevante, pois continuo sem tempo e/ou vontade, e uma abelinha "bzzzzzzou" no meu ouvido que vou continuar assim por um bom tempo.

Sendo assim, segue aqui um texto extraído de um filme cubano, chamado Guantanamera, muito bom por sinal. Se você, leitor, sente-se ultrajado por perder seu precioso tempo acessando um conteúdo que deu ao seu publicador unicamente o trabalho de copiá-lo, saiba que essa é a tão aclamada web 2.0. De qualquer forma, é melhor que um link estúpido do Youtube.

"No princípio do mundo Olofin fez o homem e a mulher e lhes deu vida. Olofin criou a vida, mas esqueceu-se de criar a morte. Passaram-se os anos e os homens e as mulheres ficaram cada vez mais velhos... mas não morriam. A terra encheu-se de velhos que tinham milhares de anos e que seguiam mandando segundo suas velhas leis. Tanto pediram os mais jovens, que um dia seus pedidos chegaram aos ouvidos de Olofin. Olofin viu que o mundo não era tão bom como ele tinha planejado e sentiu-se também velho e cansado para recomeçar o que tão mal tinha feito. Então, Olofin chamou Ikú, para que se encarregasse do assunto. E Ikú viu que havia que acabar com a época na qual as pessoas não morriam. Então Ikú fez com que chovesse sobre a terra durante trinta dias e trinta noites sem parar, e tudo foi ficando embaixo d'água. Só as crianças e os mais jovens conseguiram subir nas árvores e nas montanhas mais altas. A terra inteira virou um grande rio sem margens. Os jovens viram, então, que a terra estava mais limpa e mais bonita, e correram para agradecer à Ikú, porque ele havia acabado com a imortalidade."

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