quinta-feira, março 29, 2007

Quando parar de perguntar

Dia desses peguei-me a tentar definir minha vida. É um exercício que pratico com certa constância, por mais doloroso que possa ser quando tentamos atingir a auto-honestidade. Talvez o medo de subitamente descobrir que não sou quem eu queria ser seja o analgésico que torna possível o flagelo que é atingir as entranhas da sinceridade, tal qual o espinho que crava-se em nosso pé sempre que o coração nos manda caminhar.

Metáforas cafonas à parte, a balança teimava em pender para o lado negativo, mas eu não me dava por satisfeito. Definir toda a minha existência como simplesmente "insatisfatória" parece-me artificial, pronto demais, como um atalho pego por indicação alheia numa viagem onde o objetivo era o auto-conhecimento.

Foi quando percebi.

Estava no chuveiro, cantarolando uma música dos Beatles. Naquela manhã de domingo o céu estava sem nuvens, límpido, como que parado ele também - que ironia! - para questionar a si mesmo. O sol entrava preguiçosamente pela vidraça, projetando um feixe de luz que iluminava pequenas partículas suspensas no ar. "Genial!" , pensei, "Ainda não é a hora."

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5 Comments:

At 12:19 AM, Anonymous Anônimo said...

sempre tomei banho desses de manhã pra ver o raio de sol entrando pelo vitrô do banheiro. deixava a água meio gelada, um pouco morna, fechava os olhos e sentia o calor tímido do sol de manhã. uh, gostoso. =)
continue perguntando, rafa.
aliás, ainda bem que existem perguntas!

 
At 10:30 PM, Blogger Fabio said...

que guei essa corzinha rosa. (o gu é intencional.)

 
At 10:28 PM, Anonymous Anônimo said...

To ouvindo beach boys! Nada de perguntas, vamos pegar nossas gatas e ir surfar yeah!!
Cara, não sabia que vc pensava tanto assim, achei que a tua vida se resumia a um saudosismo constante dos anos oitenta e uma vontade intensa pelo livre capitalismo selvagem, onde só os fortes sobreviveriam....e nessa hora a rihd vai às ruinas, ja que aquilo funciona como uma comuna, ainda mais agora. Ah, exceto pelo quarto-do-grugo-ex-meu-quarto, lugar que as pessoas só entram com leitura biométrica, nesses tempos de violência urbana desenfreada, da qual eu e o gaúcho fomos vítimas.
Leitura biométrica igual da unicentro, que, aproveitando a deixa, ta mais "center" do que nunca, com uma agencia super bombada da caixa, com direito a segurança psicodélico e psicotico armado como um rambo, treinado como um rocky e estranho como um stallone que fica na porta olhando com desconfiança pra mim, "garanto que esse cara de cabelo espetado e costeletas estranhas vai tentar me assaltar com essa arma em potencial disfarçada de crachá. Eu sei que não é um crachá".
Tudo normal, ordináriamente comum e sem novidades nessa fria e nevoenta e gelada e coberta de neblina congelante de gorpa.

 
At 3:05 PM, Anonymous Anônimo said...

Hum. Definir a vida é o que fazemos todo dia, quando vivemos. Denominar-se a si mesmo é um dos poucos verdadeiros exercícios de liberdade dos seres humanos mas, todos temem fazê-lo porque são muito menos do que gostariam de ser.
Sobre o atalho, não se iluda, não é um atalho. Todos nós temos a ambição maior que nossas capacidades e a vida é um festival de mediocridade.

 
At 11:05 AM, Blogger Lord Lino said...

Pois é, caro Fábio... Decidi abandonar o capitalismo e virar um pseudo-pseudo-pensador metafísico-existencialista... E também passei a me concentrar mais na psicodelia dos anos 60 e 70 e punk xixi-pirulito (essa é mentira hehe)... Mas ainda gosto dos anos 80...
E você, voltou pra RIHD?
ps: vou postar esse comentário no cocaína também... seu paradeiro é importante para mim... hehehe

 

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