quinta-feira, novembro 23, 2006

Propaganda? Que nada, vamos brincar de mauricinho!

Muito tempo sem postar nada, naquela correria habitual para ver se me sobra algum no fim do mês, quando num dos raros momentos de descontração, folheando uma renomada revista de propaganda, encontro um artigo de um redator de uma também renomada agência de publicidade paulistana. Deve vir coisa boa aí, penso eu. Afinal, nessas agências dos sonhos devem estar as mentes mais brilhantes do país, e tratando-se especificamente de um redator, espera-se um mago cujas poções são combinações embriagantes de prosa e verso tupiniquins. Ledo engano, mes amis.

O que meus olhos contemplavam caberia muito mais numa revista do tipo "Tititi" do que numa publicação pretensamente voltada a um segmento de mercado que há anos luta para acabar com o estereótipo do "oba-oba", tão rotineiramente a ele associado.

A matéria constituía-se basicamente do relato da viagem do sujeito à Espanha, ou melhor, às casas noturnas espanholas, pois se ele tivesse escrito: "Segunda-feira fui à balada "X" e conheci fulano, sicrano e beltrano", bastaria substituir "X" por "Y" na terça-feira e assim sucessivamente. Isso sem falar na linguagem mais que adequada para um roteiro da "Malhação", e nada mais que isso, citando um escritor aqui e ali e usando piadinhas tão politicamente corretas que nem o Papa riria. Para os pobres mortais que, como eu, nunca visitaram o reino de Juan Carlos I, fica a impressão de que o país se resume a uma grande balada classe média alta, tudo regado a muito whisky oito anos e energético, aliás, bebida típica dos playboyzinhos baladeiros.

É nessas horas que expressar minha revolta é tão necessário quanto inútil. Posso não ser um figurão do mercado publicitário, mas sempre achei que a boa propaganda e seus bons profissionais tinham a fuga do óbvio como condição sine qua non(tá legal, essa expressão é totalmente desnecessária, mas permitam e este desiludido confissor sentir-se intelectualizado pelo menos por uns instantes), mas pelo visto ter dinheiro, sobrenome e bons contatos é mais importante que ter inteligência e talento. Estou cada dia mais convencido que propaganda é para socialites.

terça-feira, novembro 07, 2006

As Maravilhas do Facismo Democrático

Então, a bola da vez para calar nossa boca é a censura na Internet. O Senador Eduardo Azeredo, do PSDB, propôs essa semana um projeto de lei que obriga todos os usuários brasileiros da rede mundial de computadores a navegarem identificados com nome completo, RG, CPF, endereço, entre outros(enquanto isso, reformas como a previdenciária, política e outras sem importância continuam paradas). Na prática, significa que se a lei for aprovada, o governo vai ter como saber que você acessa aquele site pornô-bizarro GLS, os e-mails que você manda e pra quem você manda, blogs que acessa e publica, o que você compra via Internet e, claro, se você tenta dar uma de espertinho roubando bancos on-line, entre outros.

Mas o que mais espanta nesse caso são três coisas:
Primeira: No caso de crimes na Internet, é possível localizar o infrator via IP, uma espécie de número que identifica a máquina que está acessando a rede. Esse método é usado na maioria dos países e por si só torna desnecessária a identificação por usuário. A lógoca é a seguinte: se é possível "mascarar" o IP da máquina, nada impede que algum espertalhão roube de outrém a senha de acesso ou seja lá o que for que a nova lei propõe para identifcar digitalmente cada indivíduo. Ou seja, essa história pra boi dormir dizendo que o novo método de identificação ajudaria na solução de crimes online significa somente uma coisa: CENSURA.

Segunda: A pena prevista para quem burlar o novo sistema é reclusão de 2 a 4 anos. Os bons tempos em que acessávamos famosos sites de suruba entre asiáticas ruivas, cangurus e flora em geral e ninguém ficava sabendo podem estar por um fio. De 2 a 4 anos. Eu não sei quanto tempo os bandidos de colarinho branco ficam presos, mas não deve ser muita coisa, quando ficam. E a liberdade sexual não é a única ameaçada. Aliás, nem de longe. Imaginem todas as coisas bacanas publicadas na Internet, seja no campo político, humorístico, jornalístico... enfim: tudo que envolve nossa tão aclamada mas nem por isso tão completa liberdade de expressão. Agora imaginem que um belo dia o senhor Azeredo vê algum conteúdo online criticando sua pessoa. Pronto: O cara tem a faca e o queijo na mão. Condições de te identificar e influência o bastante para fuder tua vida, rapazinho (ou rapariga). Vale lembrar que usar o Senador Azeredo como exemplo não desqualifica toda a Brasília e sucursais Estaduias a fazerem o mesmo.

Terceira: Não vou dizer. Posso estar sendo vigiado. Aliás, se essa lei de merda for aprovada, vou apagar o OUSOIN. Semana passada eu vi meu vizinho entrando num carro estranho, e ele não voltou até hoje. Escolham bem em quem vocês votam, otários. Pensando bem, não votem: vamos privatizar Brasília

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